AS URNAS BRASILEIRAS NA ÚLTIMA DÉCADA
Este foi mais um ano de pleito eleitoral municipal em terras tupiniquins, que comumente obtém menos prestígio e atenção em relação às eleições nacionais que correspondem à escolha de governadores, deputados federais, estaduais e distritais e também para o(a) ocupante do cargo máximo da Presidência da República. Entretanto, 2024 saiu um pouco da caixinha e se destacou nas mídias em razão de debates polêmicos entre os candidatos à prefeitura da cidade de São Paulo (SP) que viralizaram na internet. No entanto, é de conhecimento geral que a política nunca mais foi a mesma desde o estabelecimento da rivalidade ideológica Brasil afora.
POLARIZAÇÃO IDEOLÓGICA: A ÚNICA CERTEZA NA POLÍTICA NACIONAL
A polarização, elemento agravado em nossas corridas eleitorais tendo seu ápice há uma década atrás, com o inesquecível e acirrado segundo turno presidencial entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neles (PSDB) em 2014, não era desconhecida do grande público, uma vez que a redemocratização com a queda do regime militar trouxe ao eleitorado inesquecíveis momentos como os debates de Lula e Collor, por exemplo. Entretanto, a massa, que possuía apenas acesso à rádio e à TV, nem de perto adentrava os bastidores políticos como na atualidade, com nossos famigerados adventos tecnológicos na era reinante da internet.
Após a organização interpartidária nomeada como golpe por alguns setores políticos e que culminou no impeachment de Dilma Rousseff em 2016 – substituída, à época, por seu vice, Michel Temer (MDB), os eventos surpreendentes no território nacional e na capital federal incendiaram manchetes na imprensa. Somente no Rio de Janeiro mais de 5 ex-governadores foram presos e 10 investigados por corrupção ativa no estado.
Igualmente discutida foi a polarização instituída no país de 2018 para cá, o que na época foi ilustrada na disputa entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) e, em 2022, com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em cima de Bolsonaro (PL), agora inelegível em razão de escândalos financeiros, envolvimento com milícia e a investigação por crimes análogos a irresponsabilidade perante a vida humana – fora a perplexidade mundial mediante a escolha de recusa de compra de vacina e falas infelizes do direitista que presidia o Brasil e optou por uma gestão negacionista durante a pandemia do coronavírus, que vitimou quase 700 mil brasileiros contaminados com covid-19 no país.
Tantos desdobramentos em um considerado curto espaço de tempo assevera as drásticas mudanças no cenário sociopolítico nacional, que ainda requer prementes políticas públicas de atenção a questões de desigualdade social, segurança pública, saneamento básico, transporte, moradia, empregabilidade e os primordiais pilares básicos: saúde e educação.
Considerando os impactos dessas ações na mobilização do eleitorado, a Republicana traçou um paralelo entre a importância da aptidão em análise crítica requerida na Ciência Política e os resultados das urnas que já se iniciam antes mesmo das campanhas eleitorais.
QUAL É A CONEXÃO ENTRE CIÊNCIA POLÍTICA E ELEIÇÕES?
O pleito municipal não deixa de ser um marco na história nacional a cada quatro anos, deixando em suas intersecções de governança, comportamento público e comunicação política do momento gravados em sua história.
As divisões polarizadas podem ou não ser definitivas para determinado público e região em dado momento, porém, independentemente do grau estabelecido por essas diferenças no ato do voto, o estudo da Ciência Política viabiliza a análise em grau de especialidade para os bacharéis e pós-graduados no ramo, devido ao acompanhamento dos resultados eleitorais e seus desdobramentos que consequentemente beneficiaram um lado em detrimento do outro – contudo, que não podem se esquecer de que a mira deve permanecer no atendimento ao povo no geral, sem distinção ou favoritismo.
ANÁLISE DE GRUPOS SOCIAIS ANTES E DURANTE O PLEITO
Rural ou urbano, de alta ou baixa escolaridade, as tendências, preferências legítimas ou recém-adquiridas podem ter ou não impacto da influência externa em propagandas, boca a boca, organizações, redes sociais e outros. Portanto, ser um profissional de Ciência Política envolve também a incumbência de acompanhar os grupos sociais que podem ou não ser público-alvo de escalas partidárias. A mobilização popular eleitoral pode ser manifestada em distintos níveis, porém cabe ao analista político adquirir o timing de engajamento do eleitorado e assim também determinar com propriedade a visão macro dos possíveis resultados; e em caso de estar inserido na campanha de algum postulante, haverá de praticar essa expertise segmentando seus conhecimentos acerca de governança, políticas públicas, locais da zona eleitoral, tipos distintos do público-alvo alcançável e inclusive executando uma pesquisa detalhada também acerca dos perfis associados aos candidatos adversários na disputa. Com esse aperfeiçoamento de pesquisa de público e capacidade de instruir entusiastas inexperientes a respeito da estrutura partidária e colaboração no pleito vimos que nas redes sociais a equipe do coach Pablo Marçal, candidato a prefeito de São Paulo, ainda que sem vivência como autoridade governamental precisou de auxílio de cientistas políticos para orientarem sua equipe de marketeiros na construção de um plano de governo.
PAPEL DO CIENTISTA POLÍTICO EM TEMPOS DE FAKE NEWS
As eleições deste ano novamente deram ênfase no perigo das fake news, na premência em aconselhar candidatos na melhoria de conduta e cuidado de saúde mental para não terem suas vidas expostas negativamente. Além dessas particularidades, também se encaixam a experiência de um cientista político em direcionar candidatos ao conhecimento de parâmetros de funcionamento público do cargo, do perfil de possíveis eleitores indecisos ou simpatizantes de adversários que podem mudar de ideia e confiarem a ele seus votos.
A Faculdade Republicana é referência nacional no ensino de Ciência Política ao oportunizar experiências práticas e convivência com especialistas nas esferas governamentais e em Direito Eleitoral por meio das modalidades presencial e EaD.
Por Ellen Fernandes – Ascom Republicana
Arte: Djan Moreno – Ascom Republicana